terça-feira, 25 de setembro de 2007

"Get busy living or get busy dying."


Reencontrei-me recentemente com esse clássico popular do cinema que é "Os Condenados de Shawshank" ("The Shawshank Redemption" no original). Popular hoje, porque na altura do seu lançamento nos cinemas em 1994 não chamou a atenção de muitos, mesmo apesar das sete nomeações para os óscares. O mítico VHS viria a redimir esta obra-prima, transformando-a numa das mais compradas e alugadas entre o mercado do vídeo caseiro. Hoje surge legitimamente nas listas dos melhores filmes de sempre tanto da crítica como do público.
O realizador Frank Darabont jogou e forma sábia com o tempo e a longa extensão do filme permite uma reflexão aprofundada sobre os temas da liberdade física e espiritual. Tim Robbins e especialmente Morgan Freeman incorporam duas personagens quase dicotómicas, o primeiro um inocente aprisionado que se recusa a ser institucionalizado, o último é o paradigma do "homem da prisão", sábio nas negociatas típicas entre os encarcerados e nas regras não escritas que regulam aquele universo fechado. Mais do que um simples bom filme "Os Condenados de Shawshank" é uma experiência de vida, qualquer sinopse ou definição são demasiado redutoras para explanar o ataque sensorial e espiritual que nos atinge ao vê-lo. A direcção de Darabont é precisa e bela, mas a banda sonora de Thomas Newman desempenha aqui um papel essencial. Os tons melancólicos e introspectivos do piano e das cordas (violino e violoncelo) sublinham o etéreo deste filme onde toda a crueldade do mundo prisional se desvanece face à vitória do espírito. E essa a ideia essencial, a única verbalizável talvez, com que ficamos. É um filme fortíssimo, deixa-nos absortos nos conceitos e na estética impecável, mas ressoa também num nível superior. Mais uma obra que mostra que é possível ser-se popular na forma, mas profundo e complexo no conteúdo. A ver sem reservas e por todos, principalmente para aqueles que esqueceram o prazer de ver CINEMA.

2 comentários:

Dieubussy disse...

Um grande filme, sem dúvida um dos maiores filmes da sua década.

Para quando um top ten de melhores filmes passados em prisões? Fica a ideia.

Artur disse...

Este filme lembra-nos que, no meio da sacanice generalizada, um homem pode manter a sua própria decência e ainda fazer algum bem pelos outros. Tão agridoce como a própria vida.